Brazil JS 2015: eu fui

19/10/2015

A BrazilJS Conf é a maior conferência de Javascript do mundo. Nos dias 21 e 22 de agosto de 2015 foi realizada a quinta edição do evento, em Porto Alegre. Celebrando os 20 anos da linguagem (com direito a bolo), o evento foi temático — todos os detalhes remetiam aos anos 90.

Antes de começar a ler, é bom ter em mente que esse texto não é imparcial. Sou um rapaz do interior de Minas Gerais, trabalho com desenvolvimento web há pouco tempo e meu contato com eventos do gênero é praticamente nulo. Portanto, coisas que me impressionaram podem ser comuns pra você se esse tipo de evento é rotineiro.

Dividido em dois dias, o foco do evento eram as palestras de diversos profissionais nacionais e estrangeiros. Localizado no Shopping Barra Sul, o ambiente era agradável e o clima era de descontração.

Algumas empresas marcaram presença no evento com estandes. Globo.com, W3C, Microsoft, GoDaddy e Mozilla. Como legítimo made in roça, me senti um pouco intimidado em interagir com o pessoal dos estandes.

Os estandes

O estande da Globo.com ficou bem movimentado na maioria do tempo. Posso estar confundindo, mas acredito ter ouvido em algum momento que a Globo.com tinha aberto recentemente um escritório na capital gaúcha. Talvez isso explique toda a movimentação.

Fiquei perto do estande da W3C por algum tempo, mas me pareceu um pouco abandonado. Queria um exemplar da cartilha sobre acessibilidade web. O da GoDaddy tinha umas moças super simpáticas apresentando os produtos da empresa e nos convencendo a tirar selfies horríveis e postar nas redes sociais com a hashtag do evento. Tudo por uma boa causa, claro — ganhamos um cupom extra para concorrer a R$5k em jogos de qualquer plataforma (PC FTW!).

Já o da Microsoft era focado no Edge. Com Surfaces 3 Pro, dois representantes da Microsoft testavam a compatibilidade e qualidade dos sites desenvolvidos pelos participantes no novo browser. Se a página cumprisse os requisitos, o dev ganhava uma camiseta.

Algumas pessoas na frente do estande do Microsoft Edge. Dois funcionários da Microsoft usam a camiseta com a logo do navegador.

Mas o destaque pra mim foi sem dúvidas, os estandes da Mozilla e Huia com suas demonstrações de realidade virtual. A simulação da Mozilla era bem básica: três demos, sendo a última integrada com o Leap Motion (se você não sabe, imagine uma espécie de Kinect para as mãos). Era possível distorcer com os dedos o rosto que surgia na tela e o ambiente ao redor. Tudo utilizando tecnologias web e rodando no browser, claro. Como eu nunca havia experimentado um óculos de realidade virual, fiquei bastante impressionado. Mas o melhor ainda era o que estava o que estava por vir… a experiência na Time Travel Machine da Huia.

Uma pessoa sentada na frete de um notebook usando um headset de realidade virtual.

Também utilizando o Oculus Rfit, a Time Travel Machine me transportou para três (ou quatro) períodos diferentes para contar de forma interativa a história do Javascript. A atenção aos detalhes era incrível. Desde a introdução genial, passando pelas vibrações da cabine controladas com arduino, até pequenos easter eggs que certamente passavam despercebidos pelos menos atentos. Há uma frase nas guidelines do Android que eu levo pra vida, e eu só conseguia pensar nela depois que saí da simulação: “delight me in surprising ways”. Definitivamente conseguiram!

Eu sentado numa cabine usando um óculos de realidade virtual que me transportava para os anos 90.

Foto de dois notebooks atrás da cabine da foto anterior, responsáveis por executar a simulação de realidade virtual.

Cada palestra trouxe algo específico e relevante. A diversidade de assuntos foi gigantesca: a evolução do JS, novas ferramentas, acessibilidade e games na web são alguns exemplos. A diversidade (felizmente) também se estendeu aos palestrantes, de vários gêneros, etnias e nacionalidades.

De longe, minha palestra favorita foi a do Felipe Ribeiro, que faz parte da equipe de desenvolvimento do cliente desktop do Spotify. Ele descreveu como eram as primeiras versões do cliente para desktop e todo o processo de evolução até o ponto atual — totalmente desenvolvido utilizando tecnologias web. Foram muitos detalhes sobre o desenvolvimento e ciclo de distribuição das atualizações. Talvez justamente isso tenha me impressionado: ver tão de perto alguém que colabora com um produto que utilizo diariamente.

Outras que me chamaram a atenção foram “Can we make es6 the baseline of the ‘modern web’?” do Chris Heilmann, “A saga dos 12 tópicos de acessibilidade” do Reinaldo Ferraz, “NPM: past, present and future” do Laurie Voss, “Reduce, seu novo melhor amigo” da Ju Gonçalves e “500 days of open source” do Raphael Amorim.

Outra situação que acho válida registrar é que ao fim da sua palestra, Laurie comentou sobre o grupo LGBTQ in Tech no Slack. O grupo serve como um ponto de encontro para quaisquer pessoas que se identificam como LGBTQ e trabalham na indústria de tecnologia. A iniciativa é incrível, visto que o setor é bem heteronormativo. Comentei no Twitter sobre o grupo e felizmente tive a oportunidade de conhecer alguns desenvolvedores LGBT.

Em suma, o evento foi muito bem arquitetado. Os organizadores respondiam prontamente ao feedback dos participantes pelo Twitter, por exemplo. Como minha primeira experiência num evento do tipo, foi mais do que satisfatório. Você pode encontrar a lista completa de palestrantes e os assuntos abordados aqui e assistir as palestras no canal da BrazilJS no Youtube.

Espero repetir a dose no próximo ano!

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